A qualidade da água fornecida pela Copasa em Barra Longa, na região da Mata, tem gerado grande preocupação entre moradores e autoridades locais. Em uma audiência da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na última segunda-feira (27/5), diversos problemas foram denunciados, incluindo irregularidades na captação de água e a falta de resposta às demandas da população e da prefeitura.
Relatos e laudos técnicos apresentados na audiência indicam que a água fornecida é turva, possui odor desagradável, gosto ruim e contém coliformes. Essas condições têm causado doenças na população, levantando suspeitas sobre a contaminação por metais pesados. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a audiência, destacou o sofrimento dos moradores desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015.
Uma das principais denúncias foi a mudança do ponto de captação de água pela Copasa sem qualquer comunicação às autoridades. Desde janeiro de 2003, a água está sendo captada em uma área contaminada pelos rejeitos da barragem, sem a devida outorga dos órgãos públicos. Jaqueline Martins, coordenadora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Barra Longa, relatou que a prefeitura só descobriu a mudança no início deste ano e que fez um boletim de ocorrência após visitar o local.
Jaqueline ressaltou que a captação atual não é no Rio Doce, mas em um local impactado pelos rejeitos. Um ofício enviado à Copasa em março foi respondido um mês depois, com a empresa alegando que aguardava a formalização da outorga.
A prefeitura de Barra Longa negou o pedido de outorga da Copasa até que haja clareza sobre o nível de contaminação por metais pesados. Simone Maria da Silva, representante da Comissão de Atingidos de Barra Longa, mencionou um aumento nos casos de câncer na cidade, possivelmente relacionado à contaminação da água. Moradores relataram problemas de saúde e alergias decorrentes do consumo de água barrenta.
Marcela Magalhães, da Vigilância em Saúde Ambiental, revelou outras irregularidades na Estação de Tratamento da Copasa, como a exposição de produtos químicos ao sol e a presença de coliformes totais na água. A prefeitura e seus assessores jurídicos exigiram a resolução do problema e a reparação dos danos. Clarissa Godinho Prates, assessora do Ministério Público, comprometeu-se a repassar todas as informações ao promotor de justiça.
Como resultado da audiência, uma reunião foi marcada para o próximo dia 3 de junho entre Copasa, prefeitura e moradores. Albino Júnior Campos, superintendente da Unidade de Negócios Leste da Copasa, anunciou que a captação voltará ao ponto antigo, não impactado pela barragem, em julho. Ele explicou que a captação atual foi uma medida temporária devido a um problema causado por chuvas em outubro de 2022.
Albino garantiu que a Copasa está investindo em melhorias e que a água entregue, mesmo captada no Rio Doce, é de qualidade. Ele também anunciou que problemas recentes nas faturas serão corrigidos e que melhorias no atendimento estão sendo implementadas.
A crise na qualidade da água em Barra Longa é um problema grave que exige soluções urgentes. A mobilização da população e das autoridades é crucial para garantir que a água fornecida seja segura e para que os responsáveis sejam responsabilizados. A audiência da ALMG foi um passo importante, mas é necessário continuar pressionando por transparência e ações concretas da Copasa.
Mín. 16° Máx. 35°
Mín. 16° Máx. 37°
Tempo limpoMín. 21° Máx. 40°
Chuvas esparsas