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DOIS POETAS

“Ninguém é profeta em sua própria terra”. Querem dizer que pessoas especiais não são valorizadas no lugar onde vivem. Ah é?

03/01/2024 09h00 Atualizada há 1 ano
Por: Glaucia Melo Clark Fonte: LUIZ ALVES
DOIS POETAS
    “Ninguém é profeta em sua própria terra”. Querem dizer que pessoas especiais não são valorizadas no lugar onde vivem. Ah é? Silas Fonseca e Selma Cândido vivem aqui, e nós os valorizamos. O suficiente?
 
Temos profecias e temos opiniões. Por exemplo, esta opinião de um grande amigo. Meio brigão, é certo, mas gente boa pacas. Ele disse: “A capacidade pouco vale sem a oportunidade”. Falaste bem, amigo Napoleão Bonaparte. Morassem a Selminha e o Silas em grandes centros, a gente da cultura cairia babando a seus pés. Várias poesias do Silas e da Selminha, encontradas em seus livros “A Amizade é Bela” e “Vigília”, mostram poemas que deveriam habitar as páginas das antologias poéticas. Mas, e a tal oportunidade? Silas mora no Pompéu. Selminha na Mestra Ritinha.
 
Conheço alguns poemas. De Fernando Pessoa, Camões, Drummond, Bandeira, Gonçalves Dias... Mas quando tento fugir do caos e descanso olhos e emoção nos poemas desses dois... Ah, é muito talento carente de oportunidade. Duvidam? Eis duas pérolas. 
 
Uma da Selminha:
 
QUER SABER? - Não consegui mudar nada nem ninguém/Tentei./ Em mim lateja o sangue da verdade,/O desejo de ser gente de verdade,/O afã de chegar lá, na simplicidade de ser./Não quero ver gente que mascara suas inverdades,/Gente que só pensa em sugar a gente,/Gente que já perdeu a forma de gente,/Mas se olha no espelho e se vê normalmente (...) 
 
Por falar em espelho, agora vem o Silas:
 
ZÉ MANÉ - E aí, mané/Quem pensa que é/Pra falar assim comigo? /Te conheço?/Sou seu amigo?/Então, cara, não implica!/Você pode se achar o tal,/Mas na real/ É uma titica.//E quer saber?/Não falo mais com você/Não quero te ouvir!/Dispenso sua crítica,/Seu conselho... E se você insistir,/Quebro este espelho.
 
Agora, um poema de minha autoria... Calma, gente, brincadeirinha. Sou besta? Deixem-me aqui, encostado neste cantinho, refúgio-verdade de meus parcos talentos.   

Luiz Alves

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