Desde que o mundo é mundo, os homens se apoiam nos emissários da fé para tomarem suas decisões. Antes das guerras, os reis recorriam aos oráculos, profetas e profetisas. Búzios e tarôs ainda fazem sucesso. Tem gente que não sai de casa sem consultar astrólogos. O poder de sacerdotes, pastores, mães e pais de santo é inegável. Mas falemos do Padre José.
Os mais antigos lembram-se bem desse sacerdote e seu fanatismo pelo Siderúrgica. O azul e o branco do Esquadrão de Aço insuflavam-lhe o ardor. Sendo a Tartaruga prejudicada pelos árbitros, a torcida os brindava com os mais cabeludos adjetivos. Padre José, atento às suas obrigações sacerdotais, esbravejava da arquibancada do Estadinho da Paia do Ó:
- Imbecil! Canalha! Desprezível! Fariseu!
Um dia a equipe de aspirantes foi jogar fora. O mano Sílvio estava lá. Padre José entrou no seu Ford Bigode e seguiu atrás. O Siderúrgica vencia até que o ladrãozinho do apito inventou um pênalti. Nossa pequena, mas valente e enfurecida torcida, chiou. Nunca a mãe de um árbitro foi tão homenageada assim. A torcida adversária vibrava e jurava de morte nossos craques e torcedores. Foi aí que o vigário entrou em cena. Virou-se para a galera adversária e, dedo em riste, vociferou sua canônica indignação:
- Vão se danar, ó raça de víboras! Aos infernos, sepulcros caiados!!!
Crendospadre! Os caminhões que conduziam atletas e torcedores ficaram perto do portão. Apito final? Era correr, pular em cima e se mandar. Mas um dos torcedores explicou que não correria. Ficaria pertinho do padre. Quem seria besta de agredir um representante de Cristo na terra?
O Jogo acabou. É juntar as trouxas e correr. Uai! Não é que lá encontraram o valente torcedor sentadinho, tremendo qual vara verde!...
- Você não disse que ia se esconder debaixo da batina do Padre?
- Cê é doido!? Eles gritaram que iam bater no padre e no coroinha!
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