Luiz Alves
O povo diz que pau que nasce torto morre torto. Diz também que é de pequenino que se torce o pepino. Pois bem, nosso amigo já nasceu torto e não lhe torceram o pepino, ou seja, o maldito caráter, quando pequeno.
O mano Sílvio me diz que o bandido, sei lá como, casou-se com bela moça que tinha meia dúzia de irmãos de meter medo. Fez seu lar na Vila Santa Cruz e foi levando a vida. Um dia, a temível confraria se reuniu e o chamou às falas. A irmã dissera que o telhado da casa estava para desabar.
- O teto vai cair na cabeça de nossa irmã, seu moleque!
O malandro choramingou. Tudo muito caro, gente. Vida difícil...
- Toma. Fizemos uma vaquinha. Compra o raio do material e manda executar o serviço. Como esse estrupício entrou na família, meu Deus?
No outro dia, viram o estrupício pilotando um carro bacaninha. O telhado desabando, e o vagabundo de carro novo! A grana? Ele explicou:
- Ah, o preço do carrinho estava tão bom... Não dava pra resistir.
Tempos depois, mostrou ao mais bravo dos cunhados um relógio.
- Suíço legítimo, coisa fina, só usado pela nobreza. Vendo baratinho. Preciso comprar umas coisas para sua irmã, tadinha. Ela bem que merece.
O cunhado abre a carteira, e o outro se manda, todo serelepe. Um relojoeiro é chamado. Ao abrir a preciosidade, cai na risada. Cadê a máquina?! Tudo oco! O mané, furioso, sai atrás do malandro.
- Te mato, cretino! Aquela merda de relógio é só capa, seu cachorro!
O tratante, ali em cão transformado, puxa o otário para o lado e sussurra-lhe, em abafados ganidos:
- Fale baixo, cunhado, e seja esperto. Passe essa porcaria pra frente!
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