Luiz Alves
Às vezes saltamos da cama e topamos com o mundo de costas pra gente. O céu carregado de pesadas nuvens, tristes avisos de mortes, bares fechados, todas as mulheres nos detestando... Enfim, vida repleta de nada. Parece até que o cachorro nos olha com desdém. Nada a fazer, são coisas da natureza humana... Somos como Deus nos fez e, muitas vezes, nos fazemos ainda piores. Eu me sentia pior. Foi quando bateram à minha porta.
- Toma esta sacolinha. Foi o Dr. José Dias quem mandou.
Dentro da sacolinha, um livro. Na capa, foto do homem e sua bela família. Uns raiozinhos de sol começaram a espantar as negras nuvens que teimavam em obscurecer-me a alma. E o autógrafo fez-me cair de quatro.
- Ao estimado professor Luiz Alves, com cordial abraço do amigo e admirador.
Abismado, sentei-me para ler. Mas antes de iniciar a leitura, com textos reveladores da sensibilidade do autor e o fascínio dos familiares pela grandiosa figura que o Céu lhes encaminhara, meditei no autógrafo. Digeri bem o estimado amigo, coisa de almas bondosas. Comovi-me com o cordial abraço, próprio dos que vieram a este mundo para praticar gentilezas. Mas estarreci-me diante do admirador. Quem seria eu para despertar admiração, ainda mais vinda de quem veio? Elogio equivocado de um príncipe, de um cavalheiro, de um incorrigível distribuidor de gentilezas chamado José Dias. Vejam só: admirador... Mas confesso que minha tola vaidade anseia que ele continue prisioneiro desse lisonjeiro engano.
Conclui a leitura. Páginas transbordantes de emoções e fino humor do Dr. José Dias e familiares. Tais derramamentos contagiaram-me. Fechei o livro e notei que o sol já voltara a iluminar-me os horizontes. Quase gritei: A vida vale a alegria e a dor de ser vivida! Nossa aventura na Terra torna-se adorável quando familiares e amigos caminham conosco. Sentimo-nos bons.
PS: Mas há os que exageram e, em sua bondade extrema, encontram meios de admirar até os que não merecem admiração alguma..
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