Moradores dos bairros Villa Real e arredores, em Sabará, têm manifestado insatisfação devido aos transtornos causados pelas obras de drenagem e aterro na área. Entre as principais queixas estão o despejo de terra, pedras e outros materiais em áreas próximas, causando destruição de árvores nativas, além do impacto ambiental e urbano gerado pela construção de um empreendimento habitacional do programa Minha Casa Minha Vida.
O projeto de construção de 400 apartamentos está sendo conduzido pela construtora Erglares Engenharia, com aprovação da Prefeitura de Sabará e respaldo da Caixa Econômica Federal, no âmbito do programa habitacional Faixa 1, destinado a famílias de baixa renda. O objetivo do empreendimento é atender sabarenses em situação de vulnerabilidade social, oferecendo subsídios quase integrais do governo.
Impactos no Bairro
Os transtornos causados pelas obras vão além da movimentação de terra. Caminhões transitam constantemente pela região, levantando poeira, e, em dias de chuva, o escoamento de barro atinge as residências da parte baixa do bairro. Moradores temem a desvalorização de seus imóveis e relatam a falta de medidas de mitigação e contrapartidas para minimizar os impactos ambientais e urbanos.
Além disso, parte dos moradores critica o uso de áreas próximas ao bairro como bota-fora para o despejo de materiais. Eles apontam a ausência de diálogo prévio sobre o empreendimento e a falta de medidas claras para lidar com os problemas causados.
Construtora Emitaq
Cristina Machado Bento, diretora da construtora Emitaq, esclareceu que os serviços de drenagem e aterro realizados no bairro Villa Real são indispensáveis para conter a erosão, que representa um risco à infraestrutura e à segurança local, sendo uma obra devidamente aprovada. Segundo ela, a execução das obras está sob responsabilidade da ALA Engenharia, contratada pela Emitaq, e todas as intervenções possuem licenciamento ambiental válido.
“Essa obra é fundamental para evitar danos ainda maiores, tanto para nossos clientes quanto para os moradores da região. É importante frisar que seguimos rigorosamente as exigências legais e ambientais, e a área em questão não é ambientalmente protegida”, destacou Cristina.
Ela acrescentou que a ALA Engenharia aproveitou a oportunidade para integrar os trabalhos, utilizando terra retirada de um outro empreendimento habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, conduzido pela construtora Erglares Engenharia.
“Foi uma coincidência estratégica para eles. A terra extraída da obra dos apartamentos está sendo aplicada no aterro da área de erosão, o que gera economia para a ALA Engenharia. Reforço que a Emitaq não obtém nenhum benefício financeiro com essas intervenções”, concluiu Cristina.
Construtora Erglares
A Erglares Engenharia, responsável pelo empreendimento habitacional, informou que o projeto foi licenciado conforme as leis federais e municipais e atende rigorosamente às exigências ambientais e urbanísticas. A construtora explicou que o programa Minha Casa Minha Vida foi projetado para atender famílias já residentes em Sabará, o que, segundo eles, não deve causar aumento na demanda por serviços públicos como saúde e educação.
Sobre as denúncias de uso de áreas locais para despejo de terra, a construtora esclareceu que o bota-fora possui licenciamento ambiental e está desvinculado do empreendimento. "O terreno foi selecionado pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério das Cidades por sua proximidade com equipamentos públicos, transporte e comércio. Seguimos todas as normas técnicas para minimizar os impactos à comunidade e ao meio ambiente", afirmou Geraldo Lucchesi, diretor da Erglares.
Prefeitura de Sabará
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Sabará para esclarecer os pontos levantados pelos moradores. Entre os questionamentos estavam a aprovação do empreendimento, os estudos ambientais apresentados, as contrapartidas exigidas e as medidas de fiscalização nas áreas afetadas. Até o fechamento desta edição, a Prefeitura não forneceu nenhuma resposta oficial, o que gerou ainda mais insatisfação entre os moradores do Villa Real.
Moradores afirmam que a ausência de posicionamento do poder público reflete a falta de planejamento e de atenção às demandas da comunidade.
Situação e Expectativas
As obras, iniciadas em outubro de 2024, durante a gestão do prefeito Wander Borges, têm previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2026. Enquanto isso, a comunidade do Villa Real segue aguardando soluções concretas para os problemas enfrentados e maior transparência nas ações realizadas pelas empresas e pelo poder público.
A continuidade do diálogo entre todas as partes será essencial para garantir que o desenvolvimento urbano ocorra de forma sustentável e respeite a qualidade de vida dos moradores locais.
Mín. 19° Máx. 29°
Mín. 18° Máx. 29°
Chuvas esparsasMín. 18° Máx. 29°
Chuvas esparsas