Nada mais óbvio dizer que o tempo passa muito depressa. Mas, convenhamos, às vezes ele exagera. Se o leitor quiser fazer alguma besteira, corra depressa. Talvez ainda haja tempo.
Vejam a minha afilhada Sophia. Estava eu lá no Boquinha (que Deus o tenha) tomando uma quando sua mãe, a Roberta, me falou que estava grávida. E o maridão Ailton todo sorrisos. Melhor: disseram que eu seria o padrinho do fruto daquele ventre.
O tempo seguiu sua correria. Batizado. O padre perguntou se ela negava o Demônio. A coitadinha, só alguns dias de vida, olhou-me desesperada. Enchi-me de coragem e falei por ela:
- Nego, renego e trenego!, afirmei com total convicção.
Moleza assumir responsabilidade para os outros. Caso o sacerdote se dirigisse diretamente a mim, teria que esperar um pouco mais pela reposta. Se desconfiasse de que as “prefundezas”, com sua goela de fogo eterno, seriam meu destino, ficaria calado. Sou besta? Nada de arrumar inimizade com o “encardido” antes de lá chegar. Mas jurava em nome de uma atônita coisinha inocente. E mandei o diabo para o inferno.
Agora, ei-la quase odontóloga. Sonhei minha afilhada modelo, miss, capa de revista... E a danadinha logo cismou de ser dentista. Caso se concretizassem os devaneios do padrinho, eu passaria o resto de minha vida de boca aberta, babando por sua beleza, inteligência e personalidade. Pobre de mim... Logo estarei sentado naquela cadeira de horrores, o insensível motorzinho rugindo sua fúria à minha frene. Lá estarei de boca aberta, lógico, mas a bocarra apenas escancarada para me submeter àqueles malditos ferrinhos a nos atormentar a já cansada dentuça.
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