Bernardo Lopes lança nova obra na Bienal do Rio e revela bastidores de sua trajetória literária

O escritor mineiro Bernardo Lopes, natural de Sabará, marcou presença na Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2025 com o lançamento do seu mais recente livro, Como desenhar um cubo de Necker. O evento aconteceu na sexta-feira (20), no estande da editora Metanóia, localizado na Calçada Literária – Pavilhão 4.
A obra é uma coletânea singular que reúne contos, ensaios e experimentos poéticos, misturando textos escritos em diferentes épocas da vida do autor, alguns deles guardados por anos e agora reunidos pela primeira vez em um único volume. Bernardo explica que o livro é “uma homenagem a várias fases da minha jornada como escritor”, que traz “algo de familiar, mas também é diferente dos meus outros livros”. Para ele, é “uma espécie de aceno a outras versões minhas como escritor”.
Em entrevista à Folha, Bernardo compartilhou suas impressões sobre a experiência na Bienal:

“Foi uma experiência maravilhosa. A Bienal do Rio é um evento gigantesco, maior do que eu imaginava. Fiquei de boca aberta com as dimensões e com um público tão grande. São inúmeros espaços de interação para leitores, lojas e agrupamentos de editoras; você encontra celebrações de livros famosos de que você gosta, homenagens a autores queridos, e acaba descobrindo novas leituras, que passam a fazer parte da sua vida.”
Ele também ressaltou a diversidade de escritores presentes, que vão dos já consagrados aos que estão começando agora, “lutando através das editoras independentes, como eu”. Sobre o impacto do lançamento, Bernardo disse:
“Poder lançar um livro numa Bienal é uma oportunidade sem igual para conhecer novos leitores potenciais e apresentá-los à nossa obra. Conheci pessoas que paravam para conhecer meu trabalho e com quem tive conversas que me lembraram de que nosso esforço vale a pena, que a trajetória é desafiadora, mas vamos sempre encontrar quem se conecte com o que escrevemos e que, de alguma forma, fale a nossa língua.”
O escritor também comentou sobre o mercado editorial na Bienal: “A competição de vendas, é claro, acaba sendo muito grande, porque são muitos títulos, muitos autores, e as grandes editoras acabam recebendo mais destaque. Tem gente que nem olha para os estandes das editoras menores, não querem conhecer autores desconhecidos, focam só nos best-sellers. Mas a experiência é linda e muito gratificante.”
Bernardo Lopes é autor de cinco livros, contos, ensaios e peças de teatro, alguns deles publicados também em inglês, como a novela Dona e o ensaio O Narrador Injustiçado. Em 2025, adaptou para o cinema sua peça Debutante, com apoio da Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura. Atualmente, é presidente da Academia de Ciências e Letras de Sabará, onde ocupa a cadeira nº 17, editor-chefe do blog da instituição e mediador do Grupo de Leitura Machado de Assis, que oferece encontros gratuitos para estudo dos clássicos.
Para Bernardo, o lançamento de Como desenhar um cubo de Necker não é apenas mais um livro, mas “um novo filho que estou colocando no mundo. A felicidade de lançar este livro e de poder compartilhá-lo com o público já é, por si só, um presente que aquece meu coração.”